Efêmero

Efêmero


Riso frenético
Projeções de amor e dor
Situações embaraçosas
Eloqüência na fala
Quando apenas se fala
Nada senti

Subo no palco
E represento bem o papel que me cabe no momento
Só não sei ate quando
Vai durar este momento
Interpretativo vão

Imagens ritmadas
Do ir e vir
Na dança louca de corpos
Que se unem
E se completam
Na luxuria, no gozo!

Contemplo pensativo
O passado presente
Do verbo rir

Onde lentamente fecho a cortina
Embaraçado pela falta de espectadores
Do teatro do amor

Experiência efêmera
Que um dia
Teve vida
Mas que hoje
São apenas fragmentos
Do espelho quebrado no quarto
Que um belo dia
Me vi refletido.

Lui Tinoco

Velocidade da Luz


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Um gole
Um trago
Frase desconexa
naquela poesia escrota
A lembrança de piadas sem graça
Histórias contadas e recontadas
carregadas de saudades
Palavras trocadas usando e abusando
da tecnologia
Peito que enche
Inspirando sentimentalidades
Feixe de espinhos
A percepção indiscreta de quanto complicamos
nossas relações mais básicas
eternizando o ato de colocar
peso em nossas cangalhas fantasmas
Sísifo viria parte de sua pena em nós
Um gole
Um trago

Logoff

Lui Tinoco

Parabéns SAJ, meu Paraíso das Jacas.
São 136 anos, uma moça! Pena que emancipação passou longe e ainda vivemos sob julgo de uma dúzia de senhores de engenhos e seus capitães do mato que hoje , numa nova roupagem, revezam-se no poder.
O teatro chega a iludir a platéia, que se arvora numa briga ilusória de lados , não sabendo que no final de todo espetáculo (eleição) a bilheteria e comando vão sempre para as mesmas mãos.

Surgiram ao longo dos últimos anos pessoas que pensam diferente, que não se prendem a interesseiros, que tem em grupo, usado o poder da sociedade civil para combater, brigar e cobrar pelos seus direitos. Vejo aí um futuro para minha querida Cidade das Palmeiras.

Dentro de alguns anos vão ser tantas lembranças postadas no facebook que vamos ficar presos exatamente no lapso de tempo desse triste episódio politico do Brasil, vai ser uma espécie de dejavu da desgraça, onde convivemos tete a tete com filósofos MUdernos bolsonarianos, a atrofia mental excedera números próximos a potência de dez, se pegarmos como base os casos de gripe hoje, além de gerar uma fenda temporal que vai nos levar direito a idade das trevas.

Até achei que poderia ser trombose cerebral causada pelo esperma sob pressão (que encontrou meios e subiu a cabeça), mas estou vendo que é pura má fé + egoismo sem precedentes + machismo no seu mais puro significado, estou falando das postagens sobre o caso de estupro. As tentativas de desqualificar a vítima são uma aberração, como se isso fosse possível!
Acompanhei durante um tempo as discussões inflamadas e sim, somos potenciais (suscetível de existir ou acontecer) estupradores.

Infelizmente caiu no senso comum forçar a barra, vemos isso no dia-a-dia, nas festas e baladas, homens pegando mulheres a força para beijar, aplicando o boa noite cinderela com alguma droga, no incentivar a bebida em excesso e se aproveitar disso, nos joguinhos de poder e no fingimento de cobrar insistentemente "uma prova de amor" para conseguir o que se quer.

Precisamos diminuir a hipocrisia e ainda mais termos coragem como pais, filhos, amigos, irmãos, amantes, amigos, namorados, maridos e cidadãos de apoiarmos as mulheres, romper como toda essa cultura estupida, com o tempo vamos aprendendo que para sermos "homens com H" não precisamos provar nada, nem agir com essa violência.
Mas sim, fazemos parte de todo esse contexto absurdo.

Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:


Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.

E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.

Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”

Assim me tornei louco.

E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

Olhe meu rei (1), se ligue mais em sua vida e deixa a minha viu? Gosto de andar assim a migué (2) e você não tem nada com isso, deixe de ficar por ai matracando (3). Normalmente quem quem vê muito a vida dos outros é por que tá lenhado (4) na sua. Sou dá paz mais se você ficar procurando conversa (5), vou lhe picar a porra (6) e vai rolar o maior pé de pica (7). Se assunte! (8) O recado tá dado.





Tradução:

1: Cara, rapaz, amigo, pessoa, etc
2: À vontade, de forma esculhambada.
3: Falando mal da vida dos outros
4: Lenhado - Em má situação, em mau estado, fudido.
5: Procurar conversa - Falar demais, ser inconviniente.
6: Picar a porra - Bater. ("Vou lhe picar a porra!")
7: Pé-de-pica - Pessoa de pau grande; coisa ruim; bronca, confusão.
8: Se assunte! - Tome vergonha!; se ligue!; se olhe!